domingo, 23 de janeiro de 2011

Três doses de Caio Fernando Abreu

"...Vontade só de dormir, dormir muito, para nunca mais acordar. (...) só tenho passado, o presente é esta viscosidade o futuro não existe. ah, eu queria ter um objetivo na vida, uma coisa que sugasse todas as minhas forças, conduzisse todos os meus gestos e todas as minhas palavras. não tenho nada, só este vazio ..."

- Caio fernando Abreu




Vai menina, fecha os olhos. Solta os cabelos. Joga a vida. Como quem não tem o que perder.Como quem não aposta. Como quem brinca somente.

Vai, esquece do mundo. Molha os pés na poça.Mergulha no que te dá vontade.Que a vida não espera por você.
Abraça o que te faz sorrir. Sonha que é de graça. Não espere. Promessas,vão e vem.Planos,se desfazem.Regras,você as dita.Palavras,o vento leva.Distância,só existe pra quem quer.Sonhos,se realizam, ou não.
Os olhos se fecham um dia,pra sempre.E o que importa você sabe,menina.É o quão isso te faz sorrir.E só.

- Caio Fernando Abreu

“Era isso — aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando(…) Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então.”
- Caio Fernando Abreu.

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